celulas tronco

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Tratamento com célula-tronco alivia as dores da angina

O tratamento com células-tronco pode ajudar a aliviar os sintomas de quem sofre de angina do peito, mostra uma pesquisa feita na Universidade Federal de São Paulo em parceria com a Universidade do Sul da Flórida, publicada no periódico 'Cell Transplantation'.

Se, por um lado, muitos trabalhos atuais mostram que é muito difícil regenerar o músculo cardíaco, por outro, o novo estudo reforça a ideia de que é possível criar vasos sanguíneos. As células-tronco podem induzir a angiogênese, que é a formação desses vasos. 'Apostamos na doença certa', diz o cirurgião cardíaco Nelson Hossne Júnior, um dos líderes da pesquisa.

A angina ocorre quando há alguma obstrução nas coronárias e o músculo cardíaco deixa de receber o aporte correto de sangue. Isso provoca cansaço extremo e limitações físicas. Os portadores da doença chegam a ter entre 10 e 15 episódios de dor por dia. 'Nos casos de angina refratária, os pacientes já passaram por todos os tratamentos e não há mais o que oferecer. Muitos já foram submetidos a duas ou três cirurgias e a vários cateterismos, mas continuam sentindo dores', diz Hossne. 'A função do coração está normal. O problema deles é a falta de vasos, não de músculo', resume.

Desde 2005, os pesquisadores da Unifesp vêm avaliando um grupo de 25 pacientes com idades entre 53 e 79 anos que sofriam de angina refratária e não tinham mais opções cirúrgicas nem respondiam ao tratamento clínico. Eles receberam a terapia de células-tronco. Os exames de imagem feitos depois do procedimento mostram que, em 80% dos casos, houve normalização do fluxo sanguíneo na área afetada. 'Isso é um dado objetivo', diz Hossner. Os pacientes também foram avaliados clinicamente.

A melhora dos voluntários apareceu, em média, três meses após a cirurgia e continuou progredindo ao longo de 12 meses. Segundo o artigo, isso sugere que a formação de vasos começa logo e se mantém 18 meses após o procedimento.

Metade dos pacientes deixou de sentir dor. Os demais têm poucos episódios de sofrimento e, ainda assim, apenas quando realizam esforços físicos intensos. Cerca de 90% deles retomaram as atividades normais quatro meses após a cirurgia. Os cientistas afirmam que o alívio dos sintomas foi progressivo, sugerindo que não se trata de um efeito transitório.

Ainda não se conhece o mecanismo exato que leva à formação de novos vasos no coração. Uma das hipóteses é que a presença das células-tronco amplifique a resposta de outras células que estão lá encarregadas dessa função.

A pesquisa também constatou que, quanto maior a presença de monócitos -um tipo de célula de defesa- associados à célula-tronco, melhor a resposta clínica do paciente.

Células do paciente

Na operação, os médicos retiram células-tronco adultas da própria pessoa, presentes na medula óssea, no osso da bacia. Entre outras vantagens, isso diminui o risco de rejeição. As células são isoladas e, em seguida, injetadas diretamente nas áreas do músculo cardíaco que se encontravam em sofrimento, por um pequeno corte de dez centímetros. A identificação dessas regiões tinha sido feita por exames de imagem, como a cintilografia.

No artigo, os autores reconhecem que uma das limitações do estudo é a falta de um grupo-controle para avaliar o efeito placebo -ainda que o benefício tenha se mantido ao longo do tempo e tenha sido observado em exames. 'Há evidências de que as células-tronco podem formar vasos mas, sem um grupo-controle, não é possível afirmar que o benefício esteja diretamente relacionado ao uso delas', pondera Antônio Carlos Campos de Carvalho, chefe do departamento de ensino e pesquisa do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.

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